Olá pessoal tem muita coisa boa e nova acontecendo na residência e que eu deveria estar escrevendo, mas como eu ando supercorrida( e sempre uso e essa desculpa pra tudo) acabei não me dedicando tanto a esse portfólio virtual como eu gostaria, mas enfim, vamos fazer o que se pode ser feito.
No dia 09 de Outubro eu participei de uma mesa redonda pra fazer sobre o trabalho multidisciplinar na atenção básica. Fiquei super nervosa, a apresentação não ficou como eu gostaria, mas acho que compensou o esforço. E eu vou postar os vídeos, o poema lindo que nossa colega psicologa escreveu. Além disso, vou postar também o referencial teórico que me baseia para escrever a minha fala. Ok?
Então vamos lá aos vídeos
Eita, acabei de perceber que apaguei os vídeos mas vou procurar e postar!!!
Olha o texto gente!!
“Interdisciplinariedade
no Cuidado: competências e desafios”
Boa
tarde a todos
Fazer
o rapport
Antes
de falarmos sobre interdisciplinaridade, vamos fazer uma breve
contextualização sobre a ciência psicológica no Brasil e na área
da saúde pública. A presença da Psicologia brasileira nas
instituições sociais ocorreu inicialmente no Século XIX, junto à
Psiquiatria, ainda de maneira auxiliar à Medicina, numa perspectiva
patologizante. Contudo, era necessária uma Psicologia comprometida
com as mudanças sociais, propostas pela Psicologia Comunitária,
além daquelas trazidas pelo processo de redemocratização do país,
em oposição a um estado autoritário, de políticas
assistencialistas.
A
história da Psicologia no Brasil se confunde com a própria história
do país, uma vez que as novas atuações das (os) psicólogas (os)
os levam a participar de discussões sobre quais políticas públicas
queremos, a favor do movimento da reforma sanitária e a implantação
do SUS, momento ímpar tanto para o Brasil quanto para a Psicologia.
Esse compromisso social da Psicologia também levou a uma importante
discussão em nosso país pelo fim dos manicômios (a reforma
psiquiátrica), compreendendo que a loucura é um fato social e que
os melhores resultados nos tratamentos não estavam nos manicômios,
mas sim no convívio social, rompendo a exclusão e propondo a
inserção deste público no contexto social e familiar, com
acompanhamento do Estado por meio de uma ampla rede de atenção.
Nesse
processo de compromisso social, é necessária uma mudança, que vá
além da grade curricular dos cursos de psicologia. Sendo necessária
uma implicação política e o fomento desta em todos os campos de
atuação do psicólogo. O processo de subjetivação é essencial
para empoderamento do sujeito. No qual esse processo se trata da
autonomia de pensamento em que o psicólogo pode/deve contribuir para
tal, onde se constitui em um desafio para a profissão, mas que é
possível de realizar.
Ainda
sobre subjetivação entendemos que esse processo é marcado pela
multiplicidade de desejos e afetos que atravessam os processos
subjetivos, sempre perpassados por signos e símbolos, valores e
normas de um determinado momento da sociedade.
Por
muitos anos a atuação da psicologia se deu em contribuir para uma
subjetividade construída por linhas duras, dicotomizantes detentoras
de dualismos e binarismos, que contribuíram também para práticas
medicalizantes e patologizantes. Com práticas engendradas, os
comportamentos desviantes, os aspectos próprios da vida, como o
envelhecimento, a morte e outros que se transformam em patologias
devendo ser reprimidos, medicalizados e normalizados.
Sobre
o processo de medicalização entendemos que é um processo de
patologizar os fenômenos sociais e processos naturais dos ciclos de
vida que podem adquirir diversos significados psicológicos,
existenciais, morais, políticos e sociais.
Por
exemplo é possível encontrar a nossa rotina de trabalho,enquanto
residente, práticas e fazeres que patologizam processos próprios da
vida como por exemplo, luto ou tristeza. É comum o profissional
psicólogo receber nos espaços em saúde “referências” dessa
natureza, exemplos como esses dicotomizam o sujeito.
Dentro
dos espaços de saúde como o Nasf por exemplo, o papel do psicólogo
também é mostrar a necessidade de ver o sujeito como um ser
biopsicossocial e que suas diversas vertentes são integradas,
desmistificando a loucura, considerando que todos nos passamos por
diversas experiências, que são percebidas de formas diferentes e
também nos afetam de formas diferentes. Por isso se faz necessário
a integração de profissionais dentro de um serviço de saúde para
de diversas formas compreender e possibilitar a promoção da
autonomia do sujeito e auxiliá-lo no enfrentamento de suas angustias
e desafios.
Falando
então em interdisciplinaridade, ela tem sido considerada por
diversos autores como alternativa para se alcançar o desenvolvimento
de um pensamento que responda pela complexidade que caracteriza o
mundo atual, com seus desafios. Entre eles, encontram-se os
condicionantes e determinantes de saúde. Um novo modelo de atenção
à saúde tem sido proposto e para isso são necessárias mudanças
no sistema de formação dos profissionais de saúde.
No
campo científico, a interdisciplinaridade equivale à necessidade de
superar a visão fragmentada e dicotômica da produção de
conhecimento e de articular as inúmeras partes que compõem os
conhecimentos da humanidade.
Nesse
contexto a contribuição da psicologia no SUS, se dá por meio de
três princípios: Principio da inseparabilidade, se tomamos a
psicologia como campo de saber voltado para os estudos da
subjetividade e se esta é entendida como processo coletivo de
produção, é impossível separa ainda que distinções haja, a
clínica da política, o indivíduo do social, o singular do
coletivo; os modos de cuidar dos modos de gerir; a macro e a
micropolítico.
Outro
princípio muito importante é o princípio da autonomia e da
corresponsabilidade, entendemos também é impossível se pensar em
práticas dos psicólogos que não estejam imediatamente
comprometidas com o mundo, com o país que vivemos, com as condições
de vida da população de saúde, que implique a produção de
sujeitos autônomos, protagonistas, copartícipes e corresponsáveis
por suas vidas.
E
por último o princípio da transversalidade, entendendo que a
psicologia se dá numa relação de intercessão com outros
saberes/poderes/disciplinas.
Entendemos,
pois, que a participação da psicologia na área da saúde, no
panorama atual:
Trabalhar
de forma transdisciplinar é em si um desafio para os profissionais
de psicologia. Lembro-me que quando concluir a formação a
expectativa que tinha sobre a atuação do psicólogo no sus se
limitava ao atendimento clínico assistencial, com atuações
pautados numa lógica hospitalocetricas, prontos para reproduzir o
que foi formatado na graduação, dizendo o que é certo ou errado.
A
prática no Nasf nos fez refletir o quanto é importante ter uma
prática transdisciplinar, pois muitos vezes em uma discussão de
caso ou durante a elaboração de um PST, de forma engendrada nos
percebemos preocupados em dar uma reposta lógica e curativa para um
determinado problema, em especial em se esse considerado problema se
refere ao saber que devemos saber. Uma prática transdisciplinar
possibilita uma articulação entre as disciplinas, saberes e
práticas, desestabilizando as relações de poder, os campos de
saber e as especialidades, convocando assim formas de intervenção
potencializadoras e inventiva.